A Ilustre Casa de Ramires

A Ilustre Casa de Ramires

Eça de Queirós - Domínio Publico

SINOPSE

A Ilustre Casa de Ramires é um romance realista da terceira fase do escritor português Eça de Queirós. Publicado em 1900, representa a sua maturidade intelectual e o apogeu do seu estilo como escritor, onde a crítica corrosiva e a ironia cáustica que haviam marcado a segunda etapa da sua produção – fase de adesão ao naturalismo – cedem lugar a uma postura de maior esperança nos valores humanos e abrem espaço para um certo optimismo. A história aparente narra a vida de Gonçalo Mendes Ramires, a sua chegada à política e as tradições familiares portuguesas, mas fica evidente a analogia que Eça faz com a História portuguesa, as suas mudanças políticas e a sua tradição. O administrador Gouveia, uma das personagens, chega a afirmar, nas últimas linhas da obra, que o seu amigo Gonçalo se parece com Portugal. A representação proposta por Eça é construída a partir de Gonçalo Mendes Ramires, um fidalgo, morador da pequena Vila Clara que ambiciona participar da política. Quando um amigo de Ramires o convida para publicar um romance nos Annaes da Literatura, vê sua grande chance de ter o nome reconhecido e ingressar finalmente na política. Dessa forma o protagonista de Eça torna-se também ele autor de uma novela, uma novela história que se passaria no Século XIII e teria como personagem um ancestral seu, Tructesindo Ramires, fiel cavalheiro do rei D. Sancho I e que se vê em meio a briga entre o rei D. Afonso II e as suas irmãs, depois da morte do Rei, em 1211. Porém, toda a narrativa de Gonçalo não passa de uma versão em prosa, frouxa e mal elaborada de um poema escrito anos atrás por um tio e publicado num jornal de província. Seus talentos literários não passam da mal dissimulada cópia, como sua estrutura moral não passa de um jogo hábil entre interesse e conveniência social. A presença destas duas histórias paralelas fazem de Ilustre Casa um romance de formação, ou seja, um romance sobre a arte de escrever. E Eça sugere que a escrita é um trabalho árduo, duro, de muito esforço, pois narra o seu Ramires cansado após horas de produção num gabinete fechado. Ou pressionado pelo editor e sem as páginas concluídas. Esta concepção, tão oposta aos românticos, será no Século XX estudada e aplicada em diversas oficinas literárias.

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